O escritor moçambicano Mia Couto foi distinguido com o prémio
internacional de literatura Neustadt, atribuído de dois em dois anos pela
Universidade de Oklahoma desde 1970, no valor de 50 mil dólares (37 mil euros).
A lista de nomeados para o
prémio da Bienal Internacional de Literatura Neustadt deste ano integrava o
escritor argentino César Aira, a vietnamita Duong Thu Huong, o ucraniano Ilya
Kaminsky, o japonês Haruki Murakami, o norte-americano Edward P. Jones, o sul-coreano
Chang-rae Lee, o palestiniano Ghassan Zaqtan e Edouard Maunick, das Ilhas
Maurícias.
Mia Couto ficou alegre por
ser distinguido com o prémio internacional de literatura Neustadt, alegando
tratar-se de uma espécie de “contra-corrente” face à situação no país e às
“ameaças à sua família”. A distinção com aquele que é considerado o prémio
Nobel norte-americano “coincide com um momento conturbado e de preocupação em
Moçambique e, em particular, da minha família, que também foi objecto de
ameaças”, informou o escritor à agência Lusa, lembrando a “situação crispada
[no país] devido à possibilidade de reacendimento da guerra”. Nas cidades “há
uma situação de tensão grande causada pelas ameaças de raptos, sequestros e
violência”, referiu Mia Couto, que, por ser uma “espécie de contracorrente”,
admitiu a alegria de receber uma distinção.
Em declarações à agência
Lusa, Mia Couto quis dedicar, em primeiro lugar, o prémio à sua família, que
apelidou de “primeira nação”. “E depois a Moçambique, por todas as razões, mas
agora ainda mais, porque temos de ficar mais juntos nessa busca por opções de
paz, por alternativas de desenvolvimento”, disse. O escritor assinalou a
importância deste prémio ser entregue a um escritor de língua portuguesa para
“despertar interesse e atenção” para outros idiomas que não o inglês.
O galardão já distinguiu, entre outros, o brasileiro João Cabral de
Melo Neto, Álvaro Mutis, Octávio Paz e Giuseppe Ungaretti.
Além do cheque, Mia Couto vai receber uma reprodução em prata de uma pena de
águia.
Mia Couto é o pseudónimo de
António Emílio Leite Couto, de 58 anos, autor que já recebeu os prémios Camões,
Eduardo Lourenço e o da União Latina de Literaturas Românicas. O autor de Terra
Sonâmbula e de Estórias
Abensonhadas já
recebeu o Prémio Nacional de Ficção da Associação dos Escritores Moçambicanos,
o Prémio Vergílio Ferreira, da Universidade de Évora, o Prémio União Latina
2007, de Literaturas Românicas, o Prémio Passo Fundo Zaffari e Bourbon de
Literatura, do Brasil, e o Prémio Eduardo Lourenço, entre outros. A Confissão da Leoa, editado
o ano passado é o seu mais recente livro.
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